CORAÇÃO X PULMÕES

                Quando o assunto é ressaltar a boa aptidão física de alguém é muito comum ouvirmos a referência “ Este indivíduo tem uma capacidade pulmonar excepcional”, ou “ Parece que ele tem 3 pulmões”   Certamente a afirmação está atribuindo aos pulmões a competência de ser responsável pela resistência física do indivíduo. O raciocínio de fato tem uma certa lógica, na medida em que os pulmões são responsáveis pela captação de oxigênio, e como sabemos é o oxigênio que vai ser usado nos músculos para produzir a chamada energia aeróbica que atende a demanda dos exercícios de longa duração.

                Entretanto quando se trata de caracterizar qual é o órgão responsável pela real limitação da nossa resistência estaríamos sendo injustos se atribuíssemos aos pulmões este “mérito”. Na realidade, quem limita nossa resistência é o coração!

                Para justificarmos esta afirmação podemos elaborar um raciocínio baseado em evidências: Ambos os órgãos tem o seu limite máximo de exigência quantificado pelo conhecimento científico. O limite dos pulmões é expresso em litros por minuto de ar que a “bomba” toraco-pulmonar tem capacidade de fazer entrar e sair dos pulmões oxigenando o sangue. Por sua vez o coração tem seu limite máximo de função expresso em litros por minuto de sangue que sua atividade contráctil pode fazer circular pelas artérias e veias levando oxigênio para os músculos.

                Quando um indivíduo é levado ao seu limite máximo de esforço físico a constatação é que neste momento o coração atingiu seu limite enquanto os pulmões ainda poderiam ser mais exigidos. Em outras palavras o limite do coração antecede o limite dos pulmões.

                Para melhorar a resistência física o efeito do treinamento deverá promover uma melhora da função cardíaca, elevando o limite máximo da bomba cardíaca. Este benefício ocorre por uma adaptação do coração aumentando o volume de sangue que é bombeado em cada contração ou sístole cardíaca. Assim, quando o batimento cardíaco máximo é atingido o coração estará bombeando um fluxo maior de sangue para os músculos, promovendo maior aporte de oxigênio e maior capacidade de produzir energia.

                A conclusão portanto é que aqueles que possuem uma melhor resistência física são os que possuem um coração mais eficiente e não pulmões mais eficientes. A capacidade pulmonar tem sempre uma reserva não utilizada enquanto o coração é exigido ao seu limite, e os efeitos do treinamento melhoram exatamente este limite cardíaco.

                Ao valorizarmos a resistência de alguém, vamos trocar os pulmões pelo coração !

                 

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