Uma das grandes controvérsias a respeito de saúde é, sem dúvida, a questão da maneira de respirar. É importante lembrar que a respiração tem dois comandos: o voluntário em função dos músculos respiratórios serem recrutados por comando da nossa vontade, e também o involuntário, pelo qual respiramos de maneira autonômica, sem precisar “pensar” para respirar.
Na maior parte do tempo respiramos de maneira autonômica, e os ajustes da respiração são executados por um sistema de controle extremamente preciso, com a participação de receptores localizados dentro das grandes artérias e no sistema nervoso central, capazes de detectar com exatidão qualquer alteração do conteúdo de oxigênio e gás carbônico no sangue e sinalizar para áreas de controle no sistema nervoso central.
No cérebro, os centros reguladores da respiração recebem as informações dos receptores e ajustam a respiração adequada recrutando os músculos às necessidades de cada situação, contemplando a adequada oxigenação do sangue e a proporcional eliminação de gás carbônico.
Este mecanismo é complexo e extremamente eficiente, e demonstra o fato de que absolutamente não precisamos pensar para respirar de forma correta.
Podemos também notar que quando por alguma razão a respiração venha a se tornar mais lenta, tendendo a ser insuficiente, de repente fazemos uma respiração profunda, corrigindo imediatamente a necessidade, sempre fruto de ajuste do sistema de controle autonômico.
Quanto a respirar pelo nariz ou pela boca, a fisiologia da respiração de repouso é sempre inspirar pelo nariz, proporcionando a função de filtragem e umidificação do ar nas fossas nasais. Este quadro normal se altera quando por alguma razão a resistência à passagem do ar pelo nariz aumenta muito, tornando a respiração nasal mais difícil e alterando a respiração para a inspiração bucal. Esta situação tende a provocar alguns problemas e deve ser na medida do possível corrigida com orientação de um especialista.
Durante o exercício, também não precisamos pensar para respirar, o mecanismo autonômico continua sendo eficiente sem necessidade de intervenção voluntária. Na maioria das vezes, quando ao fazer exercício tentamos “corrigir” a respiração, introduzimos um fator de erro no eficiente mecanismo regulador autonômico.
Em intensidades mais moderadas de exercício, a inspiração continua a ser feita pelo nariz, entretanto quando a intensidade do esforço se torna muito elevada é impossível não inspirar também pela boca, devido à necessidade de reduzir a resistência à passagem do ar em elevados fluxos ventilatórios.
A mensagem final é: não precisamos pensar para respirar de forma correta. A natureza proporciona um controle sempre preciso e adequado.
Dr. Turibio, sempre muito importantes seus esclarecimentos, mas tenho uma dúvida, principalmente no momento de correr, pois alguns especialistas da área falam sobre a respiração seguindo a frequência da passada, o que o senhor acha? Desde já agradeço.
Caro Samuel. Obrigado pelo contato
Quanto à sua pergunta, não existe absolutamente nenhum fundamento para sincronizar a respiração com a frequência da passada.
Eu diria até que em muitas circunstâncias isto seria fisiologicamente impossível.
Um grande abraço
Turibio
Obrigado pela atenção.
Gostataria de saber do dr. quanto forçamos um pouco mais, é bom oxigenar os pulmões puxando oxigenio pelo nariz e sair pela boca varias vezes?
Olá Edílson, tudo bem?
Quando o esforço aumenta muito, você pode perceber que, naturalmente, passamos a puxar o ar pela boca.
Portanto, não se preocupe em controlar a respiração, ela vai se ajustar sozinha.
Forte abraço,
Gerseli
olá doutor, tenho problemas de respiração, como se um determinado momento meu cerebro se voltou para minha respiração fazendo com que ela nao seja voluntária. queria uma ajuda sua..
Wesley. Obrigado pelo contato
Entretanto eu acho que o seu caso não é minha area de atuação.
Acredito que voce deva procurar um especialista da area. Eu trabalho na area de atividade fisica.
Grande abraço
Olá Dr Turibio, tdo bom? Sou praticante de corrida de rua a muito tempo e também formado em ED FISICA.
Devido a essas experiências, sempre prestei mta atenção na respiração e tento realiza-la de forma mais adequada possível. Uma coisa q procuro fazer e passar aos meus alunos é sim controlar a inspiração e expiração de acordo com a intensidade da corrida.
Algo assim: intensidade leve – respiração só pelo nariz, intensidade moderada – inspiração nasal e expiração oral de forma moderada e pouco ofegante, intensidade forte – inspiração pelo nariz e expiração oral de forma mais curta e ofegante e intensidade muito forte – inspiração pelo nariz e boca (auxiliar) e expiração oral de forma bem curta e ofegante.
É fácil perceber q isso acontece de maneira autonômica. Mas na mudança de ritmo a respiração tende a demorar a mudar, fazendo com o que possa ocorrer o déficit de oxigênio. Então faço essa mudança assim que mudo de intensidade, de forma voluntária. Tenho observado que o diminuo e muito o aparecimento desse déficit de oxigênio.
Faço isso com meus alunos e eles percebem a diferença qdo é voluntario essa mudança e qdo não é. A melhoria é bem significativa.
Qto às passadas citadas em outra resposta, procuro trabalhar como controle do volume de ar q entra e sai do pulmão de acordo tbm com a intensidade do esforço da corrida – int leve – mais passadas, int forte – poucas passadas e int moderada – intermediária entre a leve e forte.
O q o Sr. pode me dizer a respeito disso? Gostaria de até fazer uma pesquisa mais profunda a esse respeito, visto que não encontro nada de pesquisa e nenhum outro autor comentando isso.
Obrigado…
Estarei em SP no stand da FILA p realizar o seu teste de Avaliação Cinemática.
Fernando. Vamos conversar pessoalmente
Abraço
Dr. Turibio Leite de Barros