A constatação de termos tido cerca de 5 mil acessos em 24 horas quando postamos o texto anterior sobre o Medida Certa, é uma evidência inconteste da importância que este quadro da rede Globo representa como modelo de informação sobre atividade física e dieta.
Esta importância com certeza transfere para os produtores e apresentadores uma grande responsabilidade, e para os profissionais da área como nós quase uma obrigação de comentar e até criticar quando necessário. Foi no mínimo curioso e até motivo de satisfação perceber que após termos insistido na importância das propostas de exercício incorporarem o conceito de prazer e bem estar, no último programa aparecer na tela a frase: Sinta prazer em fazer exercícios!
Entretanto a proposta escolhida de novo parece ter desconsiderado certos princípios básicos. A proposta de buscar prazer no exercício foi concebida por uma escalada pelas escadas do Cristo Redentor. Com certeza o cenário era maravilhoso e quem subia as escadas certamente ficava seduzido pela sua beleza. O único problema é que os voluntários eram obesos, e subir escada para indivíduos com sobrepeso e obesidade está longe de ser a melhor escolha.
O que podemos perceber é que a proposta do exercício está sempre associada ao conceito de intensidade elevada, que certamente não é a melhor escolha para os voluntários do programa. Na antecipação de imagens do próximo programa foi mostrado um dos participantes levantando e empurrando um enorme e pesado pneu de trator! Dá até medo imaginar como ele vai se sentir no dia seguinte.
Enquanto a orientação sobre nutrição parece estar seguindo o conceito correto do aprendizado e da educação e correção de maus hábitos, os exercícios continuam a ser agressivos e sem nenhuma conotação de mudar hábitos. Certamente nenhum deles vai continuar empurrando pneu nem subindo 50 andares quando o programa terminar.
Dá para entender que o quadro é de um programa de televisão e tem que apresentar imagens que gerem interesse e até impacto visual, mas a proposta não pode desconsiderar que o benefício obtido pelos participantes tem que ser mantido depois que o programa terminar. Não seria melhor estimular os participantes a pedalar pela orla ou em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas, que também proporcionariam imagens belíssimas? Ou que tal sugerir um deep-running dentro de uma piscina, que certamente seria divertido e tremendamente eficaz como proposta para gastar calorias.
Exemplos de modelos de atividade física moderada e sem grande impacto articular para os gordinhos existem vários, e podem perfeitamente conciliar a necessidade de gerar imagens interessantes com a proposta de exercícios que venham a se tornar hábito, além de serem bastante eficazes para diminuir a medida da cintura, que parece ser o ponto alto do programa !
E a cirurgia bariátrica para quem pesa + de 140kg é uma opção?
Caro Daniel. A cirurgia bariátrica é sempre a última opção.
Sua indicação deve ser sempre muito bem avaliada.
Um grande abraço
Você mais uma vez está correto, expor pessoas com sobrepeso a uma atividade física intensa e dolorida ao invés de prazerosa, afasta e não atraem novos adeptos da atividade física para promoção da saúde. Fica uma imagem de que todos tem que sacrificar seus corpos para obter resultados e esquecendo que isso pode desenvolver patologias irreversíveis.
Obrigado David
Grande abraço
Outro problema professor é a geração de imagens para a população, que demonstram o sofrimento que é praticar atividades físicas. O pior de tudo, é vermos nossos colegas seguindo os exercícios expostos no programa, para seus alunos. Onde ficam os princípios do treinamento? As Leis do treinamento de força? A frequência duração e intensidade? Será que os cursos estão preparando profissionais com discernimento ético para opinar sobre o programa “Medida Certa”? Ou estamos retomando a formação tecnicista de décadas atrás?
Abraço
Fabrício
Pois é Fabricio. Infelizmente é isso que vemos em veículos importantes de comunicação como rede Globo, revista Veja etc…..
Um grande abraço
Turibio